quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Resquícios da Guerra Fria - Parte II: ...E tudo se divide.


Como já foi dito em um artigo anterior, os Estados Unidos e a Rússia romperam a antiga aliança que fora decisiva para a vitória aliada na Segunda Grande Guerra. Esse rompimento teve como principal causa o aspecto ideológico, e sua conseqüência mais evidente foi a divisão do mundo em dois grandes blocos: de um lado estava o mundo capitalista em cuja vanguarda aparecia os E. U. A. e do outro, o mundo dito Socialista que tinha a URSS na liderança. Essas duas grandes potências procuraram “ajudar” às antigas colônias asiáticas e africanas a conseguirem sua independência e, consequentemente, cooptá-las para seus respectivos lados, foi assim na Coréia, no Vietnã etc. A Alemanha também foi disputada e dividida pelos dois lados, só que esse foi um caso de natureza distinta, por se tratar de uma “metrópole” derrotada, e não de uma colônia.

Por mais de quarenta anos a Coréia viveu sob o domínio japonês. Como o Japão fazia parte do Eixo, que perdeu a Segunda Guerra, o seu território, bem como suas possessões além-ilha foram tomadas pelos exércitos aliados. Na Coréia, a parte norte, foi penetrada pelos soviéticos; já a parte sul, foi ocupada pelos norte-americanos. As terras coreanas foram divididas na altura do paralelo 38, entretanto, ambos os lados ansiavam estender seus domínios por todo o país. Sendo assim, em 1950 a Coréia do Norte inicia uma ofensiva contra o sul. A ONU e os E. U. A. intervieram a favor do sul, e revidaram o ataque. Depois de vários avanços e recuos de ambos os lados, foi assinado um tratado de paz em 1953, dividindo a Coréia em duas partes.

Com o Vietnã aconteceu algo semelhante ao caso coreano. Houve, a princípio, um conflito entre guerrilheiros nativos e seus colonizadores franceses. Com o “final” do conflito em 1954, os Acordos de Genebra decidiram pela divisão das terras vietnamitas, também entre Norte e Sul, na altura do paralelo 17, sendo que, ao cabo de dois anos, eleições gerais seriam realizadas. O Vietnã do Norte tornou-se uma república socialista, enquanto o do sul estava sob o jugo dos capitalistas. Estes, por sua vez, temiam que todo o sudoeste da Ásia passasse a engrossar as fileiras do comunismo, e medidas urgentes deveriam ser tomadas. Com base nesses pontos, uma guerra de grandes proporções vai de desenrolar, e duramente muito tempo o Vietnã permanecerá divido, até os norte-vietnamitas retomarem a ofensiva e ocuparem Saigon, a capital sulista.

Já na Alemanha, o que ocorreu foi, mais ou menos, a “divisão de um butim”, logo após a queda do Nazismo, em 1945. Durante a Conferência de Postdam, Truman, Stalin e Attlee decidiram fatiar o território alemão em quatro pedaços entre Inglaterra, Estados Unidos, União Soviética e França. Com a anunciação do Plano Marshal, e a grande onda de investimentos para a reconstrução da Europa, a Alemanha pôde revitalizar seu parque industrial e suas escolas, sendo que a sua parte socialista, como pertencia ao bloco soviético, continuou sucateada e sem a chevrolet e a Texaco.
O cinema, assim como a literatura e as demais artes, retratou, fidedignamente, essas transformações que marcaram o século XX. Entretanto, é bom deixar claro que, dependendo da escola cinematográfica, se européia, americana ou soviética, o filme poderá vir carregado ideologicamente. Portanto, é sempre bom saber filtrar as coisas.
A seguir destacamos três bons filmes para facilitar a compreensão desses acontecimentos:
A irmandade da Guerra: Jin-tae é um sapateiro que trabalha arduamente para poder custear os estudos do Jin-seok, seu irmão mais novo. Entretanto, quando a Guerra da Coréia estoura, ambos são obrigados, por motivos diferentes, a ingressarem no exército. Como o próprio título do filme denuncia, ele trata de uma relação fraternal que muda de acordo com os revezes da Guerra, e sempre colocando à prova os sentimentos que um nutre pelo outro.
Platoon: Muitos dizem que este é o melhor filme já feito sobre a guerra do Vietnã. Exageros à parte, sabe-se que esse vencedor de 4 Oscars, 3 Globos de Ouro e um Urso de Prata é, sim, sem sombra de dúvida, um retrato fiel do que realmente aconteceu por aquelas bandas. O protagonista do filme é Chris, um jovem americano que entrou para o exército voluntariamente, pois acreditava que deveria defender o seu país, assim como o seu pai e avó o fizeram em guerras anteriores. Entretanto, ao longo do filme ele vai percebendo que os nobres ideais que o haviam impelido àquela guerra não existiam.
Adeus, Lênin: O ano é 1989, o muro de Berlim está prestes a cair, e a Alemanha Oriental se prepara para abraçar o capitalismo. Nesse tempo, a Sra. Kemer, uma comunista fervorosa, passa mal, e permanece em coma durante um longo período. Quando ela acorda, no ano de 1990, o seu país já não é o mesmo: nas ruas as pessoas bebem coca-cola e comem Big Mac. Seu filho, temendo que a mudança venha a provocar a morte de sua mãe, tenta camuflar a nova realidade e cria um “mundo de faz-de-conta” para sua querida genitora.

Um comentário:

Caio Vitor disse...

Legal um blog sobre CineClub de Mossoró. Também sou de lá e possuo um blog. Da uma olhada lá:
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