segunda-feira, 25 de junho de 2007

O fabuloso destino de Amélie Poulain


por Mariano Tavares

O fabuloso destino de Amélie Poulain (Le fabuleux destin d'Amélie Poulain, França, 2001). Amélie Poulain vive em Paris, mais precisamente no tradicional bairro boêmio de Montmartre, onde trabalha como garçonete no café Deux-Moulain. Na infância, Amélie foi privada do contato com outras crianças e obrigada a inventar para si um mundo fantástico e surreal, saciando, através dos outros sentidos a falta do contato humano, físico. Assim, sensível ao charme discreto das coisas da vida, Amélie aprendeu a cultivar pequenos e solitários prazeres: gosta de ir ao cinema e observar as expressões de outros rostos no escuro, de enfiar a mão bem fundo no saco de cereais, de quebrar a cobertura do "creme brulee" com a colher, e de jogar pedras no rio e assisti-las ricochetear na superfície da água. Certo dia, surpreendida uma vez mais pelo cotidiano parisiense (a notícia da morte de Lady di), Amélie encontra, acidentalmente, uma caixinha de brinquedos e recordações que pertenceu a um antigo morador do apartamento em que vive. Como um anjo da guarda, faceiro e "mignon", Amélie decide devolver os brinquedos ao seu antigo dono, acreditando que a emoção do achado mudará sua vida. A partir de então, o anjo Amélie decide mudar a vida de todos à sua volta, atacando as aflições humanas e criando pequenos e maravilhosos incidentes que transformarão a miséria do cotidiano que a cerca em alegria e felicidade. Mas quem ajudará a própria Amélie, refugiada em sua solidão? É possível devotar os dias à felicidade dos outros e, assim, encontrar a felicidade e a vida? E quando Amélie for obrigada a encarar a própria realidade?

Em 2001, " O Fabuloso Destino de Amélie Poulain", trouxe o cinema francês de volta aos holofotes internacionais, arrebatando milhares de platéias e fás ao redor do mundo. O filme foi assistido por mais de 20 milhões de expectadores e foi recebeu cinco indicações ao Oscar. Dirigido por Jean-Pierre Jeunet ( Delicatessen, Ladrão de Sonhos, Alien – A ressurreição), o filme é uma comédia dramática que usa os sentidos dos personagens para atingir, em cheio, os sentidos do expectador. O clima onírico e plástico apenas confirmou ao mundo o estilo gótico e surreal já anteriormente apresentado em Delicatessen e Ladrão de Sonhos. Primorosamente fotografado em vermelho e verde (com apurado tratamento digital) e utilizando elementos da pintura do brasileiro (radicado em Paris/Montmarte) Juarez Machado, o filme desenvolve-se em fascinantes movimentos de câmera, enchendo os olhos do expectador da mais impressionante homenagem jamais feita à capital francesa. A trilha sonora, composta pelo também francês Yann Tiersen (misturando composição minimalista e elementos de música tradicional francesa, com predominância de piano e acordeom), tornou-se uma das mais conhecidas e importantes trilhas das últimas décadas. O filme ainda trouxe aos olhos do mundo e ao sucesso internacional, a beleza e o talento de Audrey Tautou, perfeita no papel que lhe acompanhará por toda a vida, sua segunda pele, seu rosto uma mistura perfeita da infantilidade, doçura e esperança de Amélie. Como seu par – ou metade perfeita − o multitalentoso (ator, diretor, roteirista) Mathieu Kassovitz (como Nino Quincampoix).

Tudo em "O Fabuloso Destino de Amélie Poulain está impregnado de arte e beleza: das ruas de Paris aos interiores dos cafés, os cinemas, as galerias e estações de trem, tudo é uma homenagem à frança e também ao próprio humano. Amélie é o mais belo poema visual de que se tem notícia. É como se fosse a antítese dos nossos dias, onde o amor, a amizade e a beleza – privilégios dos anjos – vencem no final.

SERVIÇO
FILME: O Fabuloso Destino de Amélie Poulain
PAÍS/ANO: França, 2001
GÊNERO: Comédia dramática
DIRETOR: Jean-Pierre Jeunet
ELENCO: Audrey Tautou, Mathieu Kassovitz, Rufus, Yolande Moreau, Dominique Pinon, Maurice Bénichou

PRINCIPAIS PRÊMIOS
· 2 prêmios no BAFTA: Melhor Roteiro Original e Melhor Desenho de Produção.
· Prêmio da Audiência no Festival Internacional de Edimburgo.
· Prêmio do Público no Festival de Toronto.

LOCAL: Biblioteca Municipal Ney Pontes Duarte
HORA: 19:30
DATA: 30.06.2007.
ENTRADA: franca

terça-feira, 12 de junho de 2007

Quase Dois Irmãos

por Jônatas Andrade

O Cineclube Mossoró apresenta "Quase Dois Irmãos"

“A vida nos mostrou outros caminhos... e a dor...”.

Utópico, mas ao mesmo tempo cru e que expõe verdades por vezes esquecidas. Mas verdades que nunca deixaram de ser sentidas. Uma aula de cinema e com conteúdo, que coloca homens de ideais diferentes frente a frente. Homens que um dia quase foram dois irmãos.

Acompanhamos através da narração em off do personagem Miguel e através de seqüências não lineares a origem de seu personagem e de seu amigo de infância Jorginho. O filme tem início nos dias atuais quando Miguel, agora deputado e pai de família, resolve visitar Jorginho, um grande traficante de drogas, na prisão e lhe oferecer participação em um projeto social.

Depois da seqüência inicial passamos a acompanhar através das seqüências não lineares os anos 50 quando Miguel e Jorginho se conhecem ainda crianças devido à amizade dos pais e depois nos anos 70 quando Miguel é preso por ser militante político e Jorginho é apenas um preso comum colocado junto com os presos políticos. E por fim, na atualidade, onde Miguel tenta livrar sua filha do mesmo caminho tomado por Jorginho e onde o mesmo agora preso consegue comandar uma quadrilha de traficantes sem nenhuma dificuldade.

A diretora Lúcia Murat, ex-militante política, nos apresenta um filme onde presenciamos mudanças drásticas nos personagens principais. Mudanças que os levam a caminhos diferentes e onde o filme mostra para que veio. Para mostrar que uma sociedade molda os seres que nela vivem. Que laços são desfeitos mais facilmente do que como foram feitos.

Quase Dois Irmãos é um longa onde o que impera é a sociedade diante dos seres. Que pessoas mudam e se moldam para se adaptarem as situações que são impostas a elas.

Premiações

- Recebeu 3 indicações ao Grande Prêmio Cinema Brasil, nas categorias de Melhor Ator (Flávio Bauraqui e Caco Ciocler) e Melhor Edição.

- Ganhou os prêmios de Melhor Diretor e Melhor Ator (Flávio Bauraqui), no Festival do Rio.

- Ganhou os prêmios de Melhor Trilha Sonora e Melhor Edição, no Festival de Havana.

- Ganhou o prêmio de Melhor Filme - Júri Popular, no Festival de Cinema Brasileiro de Paris.

- Recebeu 4 indicações ao Prêmio ACIE de Cinema, nas categorias de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator (Flávio Bauraqui) e Melhor Roteiro.

terça-feira, 5 de junho de 2007

Projeções além da tela


Ultimo sábado (02/06) exibimos o classico italiano LADRI DE BICICLETE, e como nas últimas sessões tivemos um excelente público. Os clássicos merecem ser revistos pela sua importancia como referência para o cinema atual. O que seria do Tarantino, se um dia ele não fosse um simples funcionario de uma videolocadora? sem comparar a obra do famigerado é claro. Mas o fato é que seus filmes acabam sendo uma imensa colcha de retalhos de varias referências ao cinema, seja de filmes B dos anos 80 e 70 assim como os grandes clássicos. Voltando ao Ladrões de Bicicleta , tem duas cenas que acho bem marcantes que gostaria de destacar: Primeira a cena em que o protagonista vai sacar sua bicicleta da loja de penhores, onde para o tal, acaba tendo de penhorar o enxoval com seus melhores lençois. Parece surreal um cidadão penhorar lençois, mas diante de uma realidade caotica na qual vivia a Itália naqueles tempos, não podemos achar um exagero. Outra cena interessante é quando o protagonista afirma não gostar de cinema, com certeza um desperdicio de tempo e dinheiro para um trabalhador da época. O fato é que acredito no cinema, acima de tudo como um elemento que consegue juntar todos os elementos da arte com maestria, um poeta consegue passar sua ideia escrevendo, seja de teor politico ou não, um cineasta consegue escrever poesia com imagem, com musica e com um belo texto narrado por seus personagens. Apesar da tematica realista ( o que muitas vezes consegue afastar as pessoas por motivos quaisquer) conseguimos extrair a beleza de onde muitas vezes não se consegue exergar. Já dizia Lobão em uma de suas belas composições: "...Como uma chuva, uma tristeza, podem ser uma beleza...E o frio, uma delicada forma de calor..."