segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Uma guerra; vários temas.


A despeito do saldo de milhões de mortes e a destruição parcial de vários países, a Segunda Guerra Mundial deixou um legado positivo muito importante para a indústria cinematográfica: uma superabundância de bons filmes.


De 1945 para cá - ou até mesmo um pouco antes, como foi o caso de Casablanca, lançado em 1942, e de outras produções inglesas e americanas cujo patriotismo servia de propaganda para a suas campanhas – surgiu uma miríade de filmes sobre esse conflito mundial, passando a engrossar as fileiras do gênero Guerra, que até então comia a poeira dos Westerns, e vivia sob a sombra do drama e da comédia. A segunda grande guerra é, de longe, a discórdia bélica que mais serviu de tema para a “telona”. Mas por que tal gênero só deslanchou na segunda metade do século XX?


É bem verdade que para realizar filmes dessa natureza o som seria imprescindível. Fica difícil idealizar um ambiente de guerra sem o barulho dos morteiros e das metralhadoras, por exemplo. Mais difícil ainda é imaginar os imortais Chaplin e Keaton protagonizando bravos soldados apenas com suas pantomimas. O som só chegaria às salas de cinema no final da década de 20, quando os estúdios Warner estavam à beira da falência e resolveram apostar suas últimas fichas nessa inovação que poucos “botavam fé”, lançando O Cantor de Jazz, em 1927. Já dá pra imaginar o que aconteceu, não é? Pois bem, o filme foi sucesso total, obrigando os demais estúdios a se modernizarem, e causando uma verdadeira revolução no modo de se fazer cinema. O primeiro passo para emplacar “Os guerras” estava dado, faltava agora um conflito de proporção verdadeiramente mundial para engendrar de vez esse gênero. E foi justamente o que aconteceu. Em 1939 ele começa, e só termina seis anos depois, em agosto de 1945.


Com o final do conflito, após a rendição japonesa, grande parte da Europa estava um caos: uma parcela considerável da população masculina jovem havia morrido e outra ficaria inválida pelo resto da vida, devido a ferimentos graves; a economia de países como Alemanha, Itália e Japão estava arruinada e os Estados Unidos da América se consagraram como o grande campeão do conflito e despontaram como a maior potência do pós-guerra. Dessa maneira, foi possível estender sua influencia sobre as demais nações do mundo.


A prosperidade econômica que os norte-americanos passaram a desfrutar teve um reflexo tremendamente positivo no cinema do país: muitos magnatas passaram a investir vultosas quantias nesse segmento, e agora, os produtores, diretores e roteiristas poderiam reproduzir toda a “bravura e heroísmo” dos soldados que viveram a guerra, contando com o dinheiro do empresariado e com o respaldo do governo e da população, que ansiava por ver imagens que retratassem as batalhas.


Na Europa, mais especificamente na Itália, o cinema sofreu um impacto também “positivo”, só que de maneira distinta. A Cinecittà e o movimento Realista, criados por ordem de Mussolini, sucumbiram junto com ele. Em oposição a isso apareceu o Neo-realismo italiano, encabeçado por Rossellini e De Sicca que não tratava especificamente de guerra, mas, sim, de suas conseqüências mais funestas: o desemprego, a dor e a miséria.


Não é preciso muito esforço para compreender que na gênese dos conflitos armados há diversos interesses em jogo. O que também é de fácil percepção são os malefícios que eles trazem ao local onde se desenrolam. Deixam marcas que talvez nem o tempo seja capaz de apagar. Entretanto, ainda assim há pessoas que consideram a Guerra justificável. Eu, particularmente, não tenho uma opinião formada a esse respeito, mas acredito que se a Segunda Guerra contribuiu de maneira favorável às gerações que vieram depois, servir de mote para a realização de grandes filmes foi, sem dúvida, a mais louvável dessas contribuições.


sexta-feira, 26 de outubro de 2007

FESTIVAL DO RIO 2007 AMEAÇA A COROA DE GRAMADO.


Durante duas semanas a cidade maravilhosa transformou-se na capital brasileira do cinema. Em sua nona edição, o Festival do Rio, que nasceu em 1999 com a junção do Cine Rio Festival e a Mostra Banco Nacional de Cinema, dois importantes festivais criados na década de 80, veio corroborar com a idéia de que o Brasil, país de grandes cineastas, está se transformando, também, em um país de grande cinema.

O evento ocorreu entre os dias 20/09 e 04/10 e, segundo dados dos organizadores, bateu recorde de público, alcançando a incrível marca de 300 mil espectadores, o triplo da cifra alcançada pelo Festival de Gramado, que ainda é considerado por muitos o maior evento do gênero no Brasil. Há tempos que o evento carioca vem ameaçando o reinado do congênere gaúcho, e nada pode ser mais salutar para o engrandecimento do nosso cinema do que essa disputa.

A edição 2007 do Festival do Rio superou a de Gramado não só nos números, a qualidade dos filmes exibidos também foi superior, dando ao público a oportunidade de acompanhar obras que foram destaques em importantes festivais como Cannes e Veneza. Ainda é válido lembrar que o evento carioca preocupou-se em garantir a visibilidade do cinema não só como arte, mas, também, como um negócio, contribuindo para que a indústria desse setor – que no nosso país parece nunca deslanchar – cresça. A prova cabal disso está na realização, paralela ao festival, do Riomarket, o maior encontro de mercado cinematográfico da América Latina, cujo escopo desse ano era tratar sobre a convergência de mídias.

A noite de premiação, que aconteceu na quinta, dia 04, teve como grande “vencedor” o filme Estômago, primeiro longa-metragem do diretor Marcos Jorge, que recebeu os prêmios de: Melhor direção (ficção); Melhor longa (ficção), pelo voto popular; Prêmio Especial do Júri para o coadjuvante Babu Santana e Melhor ator para João Miguel, que já havia ganhado o prêmio em 2005 por “Cinema, aspirinas e Urubus”. O Júri Oficial, que contou com a participação dos atores Marília Pêra e Chico Diaz, entregou ainda os prêmios de Melhor longa-metragem (documentário) a Condor, de Roberto Mader; Melhor curta-metragem a Sete Minutos; Melhor direção (documentário) a Cão Guimarães, por Andarilho e Melhor atriz a Carlas Ribas por A casa de Alice.

Ah, antes que alguém sinta falta, o tão falado Tropa de Elite - um grande filme - foi, sim, exibido no Festival, causando, como já se esperava, um frenesi danado, mas não participou da mostra competitiva.


VOTO POPULAR

- Melhor Longa ficção: ESTÔMAGO, de Marcos Jorge

- Melhor Longa documentário: MEMÓRIA PARA USO DIÁRIO, de Beth Formaggini

- Melhor Curta – A MALDITA, de Tetê Mattos


JÚRI OFICIAL - Presidido por Affonso Beato e composto pelos atores Marília Pêra e Chico Diaz, Clare Stewart (diretora executiva do Festival de Sidney) e pelo presidente do Instituto Luce, Luciano Savegna.

- Melhor Longa-Metragem Ficção - MUTUM, de Sandra Kogut

- Melhor Longa-Metragem Documentário - CONDOR, de Roberto Mader

- Melhor Curta-Metragem – SETE MINUTOS, de Cavi Borges, Júlio Pecly e Paulo Silva

- Melhor Direção (ficção) – MARCOS JORGE (Estômago)

- Melhor Direção (documentário) - CAO GUIMARÃES (Andarilho)

- Melhor Ator – JOÃO MIGUEL (Estômago)

- Melhor Atriz- CARLA RIBAS (A Casa de Alice)

- Prêmio Especial do Júri – BABU SANTANA (por Estômago e Maré nossa história de amor)


quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Cineastas do Sul e Sudeste vêm a Natal participar de debate sobre mundo digital

CINEMA E TV
Cineastas do Sul e Sudeste vêm a Natal participar de debate sobre mundo digital
Carlos Gerbase e Giba Assis Brasil são dois dos 16 debatedores que estarão na capital potiguar em novembro

As relações do mundo digital com a cultura, a educação e com os direitos autorais serão o centro das discussões do Ciclo de Debates "Além das Redes de Colaboração: diversidade cultural e as tecnologias do poder", que será realizado em Natal entre os dias 7 e 10 de novembro, no Cefet da capital. Dois dos debates - "O que a convergência digital e a TV pública tem a ver com a diversidade cultural?" e "O que a tecno-arte e a cibercultura tem a ver com a estética da multidão?" terão a participação dos especialistas em cinema Carlos Gerbase e Giba de Assis Brasil, além do apresentador e diretor de TV Marcelo Tas, entre outras autoridades em sociologia, informática e cibercultura.

Promoção da Casa de Cinema de Porto Alegre, em uma parceria com Associação Software Livre (RS) e Projeto Software Livre do Rio Grande do Norte (RN), o evento tem inscrição gratuita e está sendo realizado também no Rio Grande do Sul – a etapa de Porto Alegre começa na próxima semana. Vale ressaltar também que o Ciclo de Debates é um dos selecionados pelo Programa Cultura e Pensamento, do Ministério da Cultura. Mais informações e inscrições (um quilo de alimento não perecível) no site http://alemdasredes.softwarelivre.org/

CULTURA E PENSAMENTO
O Programa Cultura e Pensamento envolve um conjunto de ações que incentivam o debate crítico. O seu propósito é ampliar os fóruns de reflexão e diálogo em torno de temas relevantes da agenda contemporânea. Uma iniciativa do MinC, com o patrocínio da Petrobras, através da Lei Federal de Incentivo. É coordenado pela Fundação de Apoio à Pesquisa e à Extensão (FAPEX) e co-realizado pelo Ministério da Educação (MEC), pela Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), pelo Serviço Social do Comércio de São Paulo (Sesc-SP) e pela TVE-Bahia. Conheça as demais ações e acervo do Cultura e Pensamento no portal www.cultura.gov.br/culturaepensamento

SOBRE OS ESPECIALISTAS
Carlos Gerbase -Diretor e roteirista. Doutor em Comunicação pela PUC/RS, coordenador do curso de Produção Audiovisual da mesma universidade. Diretor dos longas-metragens Verdes Anos (1984), Tolerância (2000), Sal de Prata (2005) e ainda do longa em super-8 Inverno (1983). Roteirista e diretor dos curtas em 35 mm Interlúdio (1983), Passageiros (1985), Aulas Muito Particulares (1988), O Corpo de Flávia (1990), Deus Ex-Machina (1995) e Sexo & Beethoven - O Reencontro (1997). Fez roteiros para a TV Globo, como os das minisséries memorial de Maria Moura (1994) e Engraçadinha (1995). Também dirigiu especiais para televisão, como O Comprador de Fazendas (2001) para a Globo e Faustina (2002) para a RBS. Atualmente prepara o roteiro de Três Garotas e Um ET.

Giba Assis Brasil -Roteirista e montador. Jornalista. Professor do curso de Realização Audiovisual da Unisinos desde 2003 e do curso de Comunicação da UFRGS de 1994 a 2005. Sócio-diretor da Casa de Cinema de Porto Alegre. Diretor do longa-metragem Verdes Anos (1984), do longa em super-8 Deu Pra Ti Anos 70 (1981) e do curta Interlúdio (1983). roteirista de vários curtas, dos longas Me Beija (1984), O Mentiroso (1988) e Super Colosso (1995), das minisséries de TV Agosto (1993) e Luna Caliente (1998). montador dos longas Tolerância (2000), houve uma vez dois verões (2002), O Homem Que Copiava (2003), Meu Tio Matou Um Cara (2005), Sal De Prata (2005) e de mais de 30 curtas, entre eles Ilha Das Flores (1989), Esta Não É A Sua Vida (1991), Deus Ex-Machina (1995) e Dona Cristina Perdeu A Memória (2002).

Marcelo Tas -É jornalista, autor e diretor de TV. A ênfase de seu trabalho está na criação de novas linguagens nas várias mídias onde atua. Entre suas obras destacam-se os videos do repórter ficcional Ernesto Varela; participação na criação das séries "Rá-Tim-Bum", da TV Cultura e o "Programa Legal", na TV Globo. Recentemente, Tas realizou o "Beco das Palavras", um game interativo que ocupa uma das salas mais concorridas do novo Museu da Lingua Portuguesa, na Estação da Luz, em São Paulo. Atualmente, Tas é o diretor de criação da nova fase do Telecurso 2000, que estréia no segundo semestre de 2007 na Rede Globo. Na internet, é âncora do portal UOL onde mantém um dos blogs mais premiados do país: o "Blog do Tas" (melhor blog do Brasil pelo iBest em 2004 e 2005; melhor blog corporativo em 2006 segundo o The Bobs- prêmio international da Deutche Welle, Alemanha). Tas já foi agraciado com vários prêmios no Brasil e no exterior, entre eles a bolsa da Fullbright Comission, quando foi artista residente na NYU- New York University, nos Estados Unidos.

Ciclo de Debates Além das Redes de Colaboração
Porto Alegre (RS): 15 a 18/10
Natal (RN): 7 a 10/11, das 18h às 22h, Cefet Natal
Inscrições gratuitas
Mais informações: http://alemdasredes.softwarelivre.org/

sábado, 22 de setembro de 2007

O Pagador de Promessas


O Cineclube Mossoró exibirá, no próximo sábado, dia 29, um grande sucesso do cinema brasileiro. Por que não dizer mundial? O Pagador de Promessas, filme de 1962, foi ovacionado em grande parte do mundo; recebeu uma miríade de elogios por parte da crítica especializada, chegando a ser premiado com a Palma de Ouro no Festival de Cannes.

Baseado na peça teatral homônima de Dias Gomes, o filme conta a história de “Zé do Burro” – interpretado por Leonardo Villar - um camponês do interior da Bahia, humilde e ingênuo, porém, de caráter bastante íntegro. Após a queda de um raio que atingira o seu burro, Zé, desesperado com a possibilidade de perder o seu querido animal, faz uma promessa para Santa Bárbara, a fim de que esta livrasse o jegue da morte. Caso a graça fosse alcançada, Zé doaria parte do seu sítio e carregaria uma cruz – que segundo as suas próprias palavras, seria “tão pesada quanto a de Cristo” – até o altar da igreja de Santa Bárbara mais próxima.

Como o burro havia escapado do acidente, Zé teria de pagar a sua promessa. Entretanto, ao contrário do que muitos podem pensar, a tarefa mais complicada para o protagonista não seria a árdua e longa caminhada, mas, sim, ter de enfrentar a intolerância da Igreja Católica. Como a promessa havia sido feita em um terreiro de Candomblé, embora se destinasse a uma santa genuína do catolicismo, o Padre Olavo (Dionísio Azevedo), o responsável pela paróquia de Santa Bárbara, não permite que Zé deposite a cruz ante o altar.

A partir desse momento, entram em cena novas discussões que vão muito além da fé e do sincretismo religioso – apanágio do povo baiano. Um simples ato de gratidão e devoção resulta em questões políticas e sociais. Rosa (Gloria Menezes), a esposa de Zé, que o acompanhara durante toda a jornada, foi seduzida por um cafetão logo que chegou à cidade; a imprensa, um cordelista de rua, e até o dono de uma bar próximo à Igreja tentam aliciar o próprio Zé. Este, alheio a todas as propostas, só pensava em cumprir o seu juramento e voltar para casa.

O filme é relativamente curto, tem pouco mais de uma hora e meia, mas, ao mesmo tempo, é tão abrangente – fala de reforma agrária e “denuncia” a manipulação das informações por parte da imprensa – que só mesmo um grande diretor como Anselmo Duarte consegue discorrer, com singular maestria, sobre tantas coisas em pouco tempo.

É praticamente impossível assistir e não se emocionar com essa história que poderia ser a de qualquer um de nós - no fim das contas, católicos ou não, cada um carrega a sua própria cruz. A história de um homem comum, demasiadamente cândido, impossibilitado de cumprir uma promessa por causa dos caprichos e interesses de outrem.

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Harrison Ford e última empreitada



Depois de Silvester Stallone (Rocky) e Bruce Willis (Duro de matar) retomarem antigos sucessos de suas carreiras, chega a vez de Harrison Ford reincorporar o seu personagem de maior sucesso no cinema: Indiana Jones. Previamente batizado de Indiana Jones IV, o filme que tem lançamento previsto para maio de 2008 – dessa vez, a data foi anunciada pelo produtor George Lucas - ainda não possui um título definitivo. A princípio, especula-se que o filme chamar-se-á Indiana Jones and the city of gods, entretanto, já foi registrado na Associação de Registros de Títulos de Filmes da América, outros cinco prováveis nomes.
O roteiro que vem sendo desenvolvido há um certo tempo e mudou de mãos várias vezes terá as assinaturas de David Koepp e Jeff Nathansson, e acredita-se que a trama estará cronologicamente situada entre as décadas de 40 e 50, na cidade perdida de Atlântida.
O filme surge como uma resposta àqueles que, julgando Ford - 65 anos - velho demais para dar vida ao esguio Jones de outros tempos, achavam preferível não testemunhar uma continuação possivelmente fraca, temendo que esta viesse a manchar a saga do herói. Vale mencionar que Harrison Ford tem dispensado os dublês na maioria das cenas. No elenco ainda estão os nomes de Cate Blanchett, Shia Labeouf, John Hurt, Jim Broadbent e Ray Wistone.
Se a aposta de Lucas e Spilberg vai dar certo, só o tempo dirá. Entretanto, até mesmo os mais pessimistas esperam um sucesso, no mínimo, análogo a Rocky Balboa – cujo orçamento inicial foi de 24 milhões de dólares e arrecadação ultrapassou a cifra de 150 milhões, causando surpresa em seus idealizadores – e Duro de Matar 4.0 que liderou bilheterias em todo o Brasil.
Os outros três filmes da série foram Indiana Jones e Os Caçadores da Arca Perdida; Indiana Jones e O Templo da Perdição e Indiana Jones e A Última Cruzada. Todos eles foram rodados na década de 80 e obtiveram grande êxito, enchendo as salas de cinema por onde passavam.
A apreensão que toma conta do público é visível até nas palavras do produtor: “Vai ser como fazer ‘A ameaça Fantasma’ novamente, a expectativa por parte dos fãs é tão grande que se torna maior do que o que você pode oferecer.”, disse Lucas.
Embora o receio e a incerteza tomem lugar em toda e qualquer continuação que se faz, no que diz respeito a Indy Jones, posso afirmar com certa exatidão: Vale a pena apostar nessa aventura que, provavelmente, será a última grande empreitada de Harrison Ford, pelo menos usando chapéu e chicote.

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Caminho para Guantánamo


Caminho para Guantánamo é um documentário dramatizado dirigido pelo britânico Michael Winterbottom, em parceria com Mat Whitecross. Baseado numa história real, narra a trajetória de três ingleses detidos no campo de Guantánamo.

Ruhal Ahmed, Asif Iqbal e Shafiq Rasul são três jovens ingleses capturados pela Aliança do Norte no Afeganistão em 2001 e presos como "combatentes ilegais" pelos Estados Unidos no Campo militar de Guantánamo, sem direito a acusação nem julgamento.

Acordar as pessoas do torpor político que tomou parte do mundo quanto à guerra ao terror de George W. Bush foi a meta traçada pelo diretor Michael Winterbottom. Muito se escreveu sobre as condições sub-humanas, o desrespeito aos direitos civis básicos, os interrogatórios inúteis baseados em inteligência falha e a falta de resultados que envolvem a prisão militar dos EUA mantida no Caribe, para onde são encaminhados os suspeitos de atividades terroristas. Mas, como diz o ditado, uma imagem vale por mil palavras. E poucas imagens são tão poderosas quanto as mostradas no docudrama de Winterbottom. O longa de 95 minutos intercala depoimentos de uma turma de amigos britânicos de origem islâmica, presos por engano ao irem ao Paquistão para um casamento no meio da Guerra do Afeganistão (2001), e a reconstrução dramática do que aconteceu com eles.

Se o recurso da palavra guarda a força do factual, a imagem permite que as platéias tenham uma idéia mais próxima do que realmente acontece com os detidos de Guantánamo - o acesso da mídia à prisão era (melhor dizendo, ainda é) controlado e sofre censura militar.

Nos dois anos em Guantánamo, os três passaram por tortura e humilhação, sem que se saiba do que foram acusados. Muito menos cogitou-se dar-lhes direito a defesa. Ao serem repatriados para o Reino Unido em 2004, foram imediatamente liberados por falta de acusação. Que o espectador se lembre, ao assistir ao filme, que nesse momento há centenas de casos semelhantes na mesma prisão. Com uma diferença: agora, os algozes têm o amparo legal do Congresso dos EUA. Uma triste página para a mais antiga democracia contemporânea.

PREMIAÇÕES:
- Urso de Prata de melhor diretor no Festival de Berlim de 2006.

LOCAL:
O filme será exibido na Biblioteca Ney Pontes Duarte (antiga União Caixeiral) com ENTRADA FRANCA.

DATA E HORÁRIO:
Sábado, 15 de setembro, às 19h30min.

11/9


Na manhã de 11 de setembro de 2001, os irmãos Jules e Gedeon Naudet estavam filmando um documentário sobre a vida de um bombeiro principiante em Nova York. O que era pra ser um documentário banal sobre pessoas quase comuns, tomou um novo rumo ao ouvir-se um rugido no céu. Nesse momento, Jules virou sua câmera para cima, no exato instante de filmar a - por muito tempo - única imagem conhecida do primeiro avião colidindo com o World Trade Center. Por azar do destino, Jules e Gedeon tornaram-se testemunhas oculares do mais chocante e decisivo acontecimento de nosso tempo.

Com as câmeras rodando, os Naudet seguiram os bombeiros no coração do assim chamado Marco Zero. Jules entrou com a equipe de bombeiros dentro da torre norte. Pôde filmar do saguão do prédio toda a confusão e desencontro nos resgates. O resultado foi um poderoso registro visual de um dos mais tenebrosos momentos da história.

Mais de 180 horas de filmagem foram condensadas em pouco mais de 120 minutos. Realizado com muito critério, é improvável que alguma produção de Hollywood tenha a tensão da câmera tremida dos irmãos Naudet no World Trade Center prestes a ruir. Acontecimentos como este reforçam a necessidade de se fazer documentários.

LOCAL:
O filme será exibido na Biblioteca Ney Pontes Duarte (antiga União Caixeiral) com ENTRADA FRANCA.

DATA E HORÁRIO:
Terça-feira, 11 de setembro, às 19h30min.